sexta-feira, 9 de março de 2012

O Ray Ban de grau e o short de cintura alta



A imagem de um bando de garotas invadindo o Pilotis da PUC, os bares da zona sul e as festas cariocas com seus shorts jeans de cinturinha alta e imensos óculos de grau Ray ban estilo “sou-culti-e-in” em um formato “cool & style” já estão cansando a minha beleza.

Afinal, o que pretende aquela vasta multidão da faculdade e da porta das boates? Ser original?
Agora o “cool” é parecer alternativo. Não importa se você realmente gosta desse estilo, não importa se você nunca se vestiu dessa maneira antes, porque o legal agora é ser assim e pontofinal. Acho bom que você se enquadre nisso e compre essas pecas. E lá vamos nós, ficar obcecados pelos objetos retrôs, batons vermelhos e shorts altos. Vamos fingir de conta que o nosso estilo é despojado. Fingir, fingir e fingir. Aquelas meninas passam cerca de 3 horas e meia se arrumando para fingir. Para forjar um estilo que não lhe é próprio, natural e muuuito menos original.

Veja bem: Não estou dizendo que não me importo com a moda, que não gosto de batom vermelho e short de cintura alta (embora eu realmente deteste aquele Ray ban de grau que cobre a cara toda). Eu acho que se vestir bem é importante. Acho que se sentir bonita e elegante é fundamental. O que estou querendo criticar aqui, é justamente a falta de estilo próprio e personalidade. É seguir uma tendência por seguir. É ser sem ser. Entende? Essas garotas (em sua esmagadora maioria) são sem ser. Saem de casa esquecendo a personalidade no armário. O que importa é forçar a imagem e se padronizar com uniformes idênticos e cristalizados naquele manual da mulher maravilha. Mas a mulher maravilha, ao tentar atingir o status de mulher maravilha, coloca uma lente de aumento na impressão que vai causar ao olhar alheio. E ao se petrificar nesse incessante compromisso, ela se esquece que na busca pela perfeição, corre o risco de perder a própria essência. Afinal, será que é tão ruim assim se admitir humano e imperfeito? Alguns perderam o próprio prazer de ser "de verdade". 

Benditos sejam os que fogem do comum, se aventuram, lançam modas, misturam pecas, cores e criam o seu próprio estilo de acordo com a sua personalidade e com a sua essência, sem medo de errar. A maneira com a qual a gente se veste, é a maneira que expressamos o nosso “eu-interior”. ((Dane-se, fui brega mesmo.)) 
O que eu abomino, é a falta de eu-interior. É a clareza em se anular para seguir os outros.

Por que será que só o que encontramos para ler nas revistas é: “Seque a barriga, perca 15 kgs em 7 dias e adquira acessórios imperdíveis”? Será que vou ser obrigada a conviver com esse vazio noite e dia? As pessoas não têm mais nada de legal a nos dizer, nada de interessante a nos acrescentar. Se perderam no óculos, no batom vermelho e na procura pela medida perfeita. (Quase uma música do D2!!!)

Entro em um site da internet, e só o que aquele espacinho tem a me dizer, é como eu posso emagrecer, perder a fome, perder a barriga, perder o culote, perder a cintura, perder a perna, o braço... E....

Perder a alma.

10 comentários:

  1. é isso amiga!!! é muita gente sem personalidade forjando uma personalidade, né??? ótimo texto, como sempre! mil beijoss

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  2. Como sempre, percepcao nota mil! Vc desabafa por mim! Esse blog ta FODA!

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  3. Olí, gênio desde criancinha!

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  4. Nick, concordo com tudo que você disse.
    A insegurança e o medo de não serem socialmente aceitas fazem as pessoas se esconderem por trás de modismos, de "máscaras". é o caminho mais cômodo.
    O autoconhecimento não é um caminho fácil, dá trabalho, é doloroso, mas é o único caminho pra felicidade. "Só quem se mostra se encontra".
    Beijos.

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    1. Ra, quer escrever comigo no blog? Arrasou nesse comentário! Curti mil. Beijos

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  5. sensacional, seeeensacional, seeeeeeeeeeeensacional!!!!!!!!!!hehehehe

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