sábado, 3 de março de 2012

Contrato com o Nonsense

Quando eu converso com alguém em uma mesa de bar, tenho a mais pura certeza de que naquele espaço físico não existem apenas 2 pessoas, mas sim, 6.
Sim, porque existe eu da forma como eu me vejo, existe eu da forma como essa pessoa me vê, e existe também, uma tentativa minha de ser aquilo que esperam que eu seja. Da mesma forma, meu amigo também é 3 em 1. (Totalizando 6 pessoas e não apenas 2.) Acontece que a forma com a qual você próprio se enxerga pode ser bem diferente da forma com a qual os outros te enxergam e, como se esse drama não bastasse, você ainda precisa cumprir o papel de ser aquele bendito super herói que esperam que você seja.

Não concorda? Hm... Aposto que quando você lançou na mesa do jantar o papo que queria fazer vestibular para artes cênicas, os seus pais já olharam torto, com ar de reprovação. Meu filho, o que é isso? Você tem que ser engenheiro, economista, advogado, médico e dentista. Também aposto todas as minhas fichas que tooodas as suas amigas desaprovaram aquele seu ex-namorado gordinho. Aquele que não tinha lá muita vocação para modelo, se vestia de um jeito meio largado, era baixista de banda de rock e sonhava em ser artista. E eu conheço o discurso, não precisa me contar! Elas diziam: “Amiga, você é muito para ele!” Ah, então quer dizer que o que faz uma pessoa ser muito ou pouco para a outra, são seus atributos físicos? Que futilidade, meu senhor.

E aí, quando você finalmente decidiu que iria apostar em comunicação e ser um grande cineasta, aquela sua tia gorda não poupou saliva: “O mercado é muuuuuuuuito difícil.... Você não vai se dar bem não... Muito arriscado!” E aí, nesse momento, você ficou super para baixo, se sentindo o mais fracassado dos mortais, correto? Errado! As pessoas só tem o poder de te deixar para baixo se você consente com isso. E se você consentiu, meu caro, eu lhe digo: Não deveria. Não deveria ter feito isso de jeito nenhum. Deixa essa gorda para lá. Ela é mais ultrapassada do que aquele seu jeans velho que você parcelou em 10 vezes sem juros, porque no verão de 2001 era a moda do momento. Você devia ter enchido o pulmão e retrucado: “O mercado pode ser ruim, mas eu sou ótimo! Eu vou chegar fazendo esse mercado tremer, titia”. O bom-humor é o melhor remédio contra os frustrados.

Mas eu não quero mais falar da sua tia gorda, porque não era esse o assunto. Estávamos falando sobre até onde você deixa as pessoas viverem a sua vida. Eu acho isso o cúmulo, sabia? Como se não bastasse a sociedade querer fazer de você uma Barbie de plástico e dizer quantos quilos você tem que pesar, qual a roupa você tem que vestir e como você tem que se portar, eles agora vem dar o mapa que você tem que seguir para ser bem-sucedido e feliz? Ah, me poupe. Rasgue esse mapa agora e desenhe o seu. Olhe bem para você. Olhe para dentro de você. E agora, me diz, qual é a sua vocação? Se você acha que tem mais charme que a Gisele Bundchen, que o seu corpo nasceu para ser exibido em uma passarela e que o seu jeito de andar é cativante, marque o seu book amanhã e corra atrás. Agora, se você tem certeza que nasceu para o mundo da moda, para ser uma grande estilista, o que está esperando para comecar a ralar e ganhar uma bolsa para estudar em Nova York? Abrace as suas próprias causas com paixão e determinação. Se jogue. Realize-se. Invista naquilo que sabe que tem maior potencial. A  vocação é uma das únicas salvacoes individuais que eu conheco. Não deixe que ninguém viva a sua vida por você. Os grandes também já foram pequenos um dia. Ou você acha que Brad Pitt sempre foi um astro? E lembre-se: Sua tia é gorda, tem uma bunda cheia de buraco (no popular, celulite) e, provavelmente, é frustrada no casamento. Você vai mesmo continuar deixando ela ditar as regras do que faz sentido na sua vida?

Afinal, quem é o protagonista dessa história, acha que ainda é você? Ou será que você acabou virando um personagem secundário dentro do próprio enredo, engolido pela feroz missão de satisfazer os desejos alheios?
Para mim, essa coisa da gente deixar que vivam pela gente, é o maior Nonsense da vida. Devolva-se a você mesmo enquanto é tempo. Tudo que eu sei , é que eu não assinei contrato com esse nonsense e não concordo com nenhuma de suas cláusulas.
Eu só quero que você tenha o prazer de ser você mesmo (ou não) e exijo a liberdade de ser eu mesma (ou sim)!

11 comentários:

  1. VC É FODA!!! Superacao a cada post! Inteligencia, criatividade e talento! Vc sim tem a vocacao!

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  2. sem noção.... surreal! Orgulho da familia! tks for making it easier to live everyday. lov u

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  3. Caraca, to muito muito orgulhoso de você, vou acompanhar certo! Que contrato com nonsense que nada,a vida é minha e eu vou vivendo!
    Parceiro

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  4. Tata linda!!!!! Love you too. Parceiro, mt bom ler isso! Continue acessando, em breve tem mais! Bjs

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  5. A cada texto que eu leio vou ficando mais apaixonado por você... bem me quer ou mal me quer? Parece-me infinita esta flor de mil pétalas... Ass.: seu admirador secreto.

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  6. Hahahahaha.. Olha, eu não sei quem é esse anônimo não, mas parabéns pela criatividade e inspiracao.

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  7. Obrigado. A inspiração veio fácil pensando em você.

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  8. Imagino que seja... invadiu meu sistema.

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  9. Me impressiona sua capacidade de entender o íntimo!!

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